domingo, 14 de novembro de 2010

A Historia do Mangá

Os mangás têm suas raízes no período Nara (710 – 794) com a aparição dos primeiros rolos de pintura japoneses: os emakimono. Eles associavam pinturas e textos que, juntos, contavam uma história à medida que eram desenrolados. O primeiro desses emakimono, o Ingá Kyô, é a cópia de uma obra chinesa e separa nitidamente o texto da pintura.

A partir da metade do século XII, surgem os primeiros emakimono com estilo japonês, do qual o Genji monogatari emaki é o representante mais antigo conservado, sendo o mais famoso o Chojugiga, atribuído ao bonzo Kakuyu Toba (1035-1140). O Chojugiga está guardado no templo de Kozangi em Kyoto. Nesses últimos surgem, diversas vezes, textos explicativos após longas cenas de pintura. Essa prevalência da imagem, assegurando sozinha a narração, é hoje uma das características mais importantes dos mangás.

Genji monogatari emaki

No período Edo (1603 – 1867), em que os rolos são substituídos por livros, as estampas eram inicialmente destinadas à ilustração de romances e poesias, mas rapidamente surgem livros para ver, em oposição aos livros para ler, antes do nascimento da estampa independente com uma única ilustração: o ukiyo-e no século XVI. É, aliás, Katsushika Hokusai (1760-1849) o precursor da estampa de paisagens, que, nomeando suas célebres caricaturas publicadas de 1814 a 1834 em Nagoya, cria a palavra mangá — significando “desenhos irresponsáveis” —

Os mangás não tinham, no entanto, sua forma atual — de histórias em quadrinhos —, que surge no início do século XX sob influência de revistas comerciais ocidentais, principalmente dos Estados Unidos. Tanto que chegaram a ser conhecidos como Ponchi-e (abreviação de Punch-picture) e como a revista britânica, origem do nome, Punch magazine (Revista Punch), os jornais traziam humor e sátiras sociais e políticas em curtas tiras de um ou quatro quadros. Diversas séries comparáveis às de além mar surgem nos jornais japoneses: Norakuro Joutouhei (Primeiro Soldado Norakuro),uma série antimilitarista de Tagawa Suiho e Boken Dankichi (As aventuras de Dankichi) de Shimada Keizo, são as mais populares até a metade dos anos quarenta, quando toda a imprensa foi submetida à censura do governo, assim como todas as atividades culturais e artísticas. Entretanto, o governo japonês não hesitou em utilizar os quadrinhos para fins de propaganda.

Sob ocupação americana após a Segunda Guerra Mundial, os mangákas, desenhistas de mangás, sofrem grande influência das histórias em quadrinhos ocidentais da época, traduzidas e difundidas em grande quantidade na imprensa japonesa cotidiana. É então que um artista, influenciado por Walt Disney, revoluciona esta forma de expressão e dá vida ao mangá moderno: Osamu Tezuka. Ele adotou as características faciais do desenho de Disney, onde olhos, boca, sobrancelhas e nariz são desenhados de maneira bastante exagerada para aumentar a expressividade dos personagens, o que tornou sua prolífica produção possível. É ele quem introduz movimento nas histórias em quadrinho japonesas através de efeitos gráficos, como linhas que dão a impressão de velocidade ou onomatopéias que se integram com a arte, destacando todas as ações que comportassem movimento, mas também, e acima de tudo, pela alternância de planos e de enquadramentos como os usados no cinema. É do cinema também que ele retira a maneira de contar a história, na qual pequenos capítulos, como filmes, formam um arco maior. Além disso, faz os diálogos fluírem de cima à direita para baixo à esquerda do quadro, para que as pessoas pudessem ler os quadrinhos de forma rápida.


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